Dicas para circular em segurança na cidade parte I

As quedas são frequentes no ambiente urbano, mas raramente se revestem de gravidade, uma vez que em cidade rolamos normalmente a velocidade reduzida.

De qualquer forma podemos sempre morrer ou matar alguem, mesmo a baixa velocidade, pelo que não há razão para nos mostrarmos imprudentes.

Por outro lado os perigos e armadilhas são mais numerosos em ambiente urbano, devemos pois redobrar a atenção.


Eis uma lista de armadilhas e truques a considerar:

Os camiões, furgões e autocarros parados nos semáforos

Refiro-me ao caso em que estes mastodontes estão parados no semáforo, mas não na “pole position”, i.e., estão na fila de trânsito mas não são os primeiros. A tendência natural é avançar na fila ao lado deles, mas devemos ter em atenção que nenhum deles é transparente, e um peão pode atravessar pela frente. Nem pensar em avançar ao lado deles a mais de 10 Km/h, a menos que queiramos correr o risco de “passar” uma criança ou idoso “a ferro”.

Subir uma fila de trânsito pela direita

Não se deve arriscar esta manobra se a fila não estiver completamente parada, e mesmo assim com redobrada atenção ás portas que se abrem de repente, aos peões que atravessam entre os carros e aos que circulam na borda do passeio, alheios ao perigo que os espreita. Mais uma vez, velocidades na ordem de 10 a 20 Km/h são recomendadas, em função do espaço disponível ao passeio.

Uma chamada de atenção especial para um perigo especial: os TAXIS.

Um taxi parado, seja em que situação for, é suposto poder largar um passageiro a qualquer momento, passageiro esse que normalmente não presta atenção ao que o rodeia no momento de escancarar a porta! Olhem bem para o que se passa dentro do taxi antes de avançar.

Os cruzamentos

Nos cruzamentos, particularmente nos largos, somos por vezes tentados a virar á esquerda com uma aceleração forte uma vez que temos normalmente tempo de passar se vier uma viatura de frente. Antes de o fazer, convém verificar que exista espaço disponível do outro lado da rua para “entrar”. Se tivermos que ficar a meio, passamos por tótós por bloquearmos a circulação e podemos inclusive caír fácilmente se tivermos que travar em curva, depois de um arranque brutal.

Não esquecer que ao virar, irão passar, em princípio, sobre uma passadeira de peões (escorregadia q.b. principalmente à chuva) em ângulo. Verifiquem onde pisam e se existem peões, para evitar travagens de emergência nessa situação.


As grandes avenidas

Encontramo-las em todas as cidades médias/grandes. São normalmente largas, rectas, com bom asfalto, convidando a que se “role punho”. O problema é que são frequentemente cruzadas por vias sem essas características (em Lisboa particularmente é comum serem cruzadas por ruas com carris ou paralelo), ou desembocam em praças ou rotundas que não são largas, nem direitas nem bem pavimentadas. Logo, reduzam significativamente a velocidade ao abordarem uma avenida desconhecida, ou se souberem de antemão que desemboca numa praça com paralelo (como o Rossio).

Circular desfasado em relação aos carros

Quando circulamos muito próximo dos carros, em transito intenso, este simples pormenor poderá fazer a diferença entre evitar o carro ou bater, se a fila de trânsito “entupir”. Nunca é demais repetir. Façam-no igualmente e sempre que seja possível, se tiverem de se imobilizar numa fila de transito – apontem para o espaço entre as filas ou tudo à direita – por forma a ficarem entre os carros, e não atrás deles: essa precaução elementar pode evitar que vos entrem pela traseira, e é válida tanto em cidade como em autoestrada.

Nos semáforos, avancem na fila

...pelo menos um ou dois carros. Na sequência da dica anterior, e por maioria de razões, tentem posicionar-se nos semáforos por forma a não serem os últimos, ou se o forem, que não fiquem atrás do último carro. Nunca se sabe quando é que um distraído se lembra de não parar a tempo e abalroar o fim da fila.

Se não conseguirem evitar ser o último da fila, ou se forem o único no semáforo, tentem deixar espaço livre por forma a que um carro possa passar ao vosso lado.
Quando tiverem avançado nas filas na paragem do semáforo, mas não completamente, e estas começam a mover-se á vossa frente, estarão no ângulo morto de pelo menos uma viatura.

Tentem ver se os condutores ao vosso lado estão conscientes da vossa presença, e caso contrário façam-se notar, por exemplo acelerando de forma audível (um ratér é desnecessário e nada civilizado, basta uma aceleração mais “viva”). Esperem que os condutores ao vosso lado vos deêm uma “aberta” antes de avançarem.

Desconfiem dos outros motociclistas

Dos estafetas, das scooters, dos bófias, de todos os que andam em duas rodas. Alguns de nós adquirimos, sem sequer nos apercebermos, comportamentos agressivos/perigosos.
Não adoptem comportamentos anti-motociclistas

- Não se ultrapassa outro “duas rodas” entre filas! Sim, há quem o faça e não são só estafetas e DT’s...

- Nunca nos devemos colocar AO LADO dum outro motociclista (salvo se estivermos parados). Se ele se posiciona sobre a esquerda, será porque se prepara para ultrapassar, logo estará com a sua atenção focada no que se passa á sua esquerda; Se por qualquer motivo ele abortar a ultrapassagem e estiverem a circular ao seu lado direito, arriscam-se a que vos “caia” em cima sem que sequer vos veja, por se encontrarem no ângulo morto. As scooters, cinquentinhas e o pessoal com pouca experiência são useiros e vezeiros a fazer isto (circular ao lado).

- Não devemos circular em grupo com desconhecidos encontrados no semáforo. Conforme a nossa montada e as deles, mas também conforme a nossa disposição, deixem-nos para trás ou então deixem-nos arrancar primeiro. Não possuimos nenhuma informação sobre as capacidades destes companheiros de ocasião, não sabemos até que ponto são ou não um perigo potencial.

- Nas filas de trânsito, sobretudo nas vias rápidas da periferia, vigiem de tempos a tempos os retrovisores, algum motociclista pode impacientar-se atrás de nós. Mas olhem apenas se houver espaço livre á volta: olhamos sempre em frente, quando se circula entre duas viaturas! Se se aperceberem de alguém mais rápido atrás, desviem-se apenas quando o puderem fazer em segurança.

O outro motociclista pode perfeitamente esperar que acabemos de passar três ou quatro carros que circulam colados. Abram pisca à esquerda (ou á direita, se lhe deram a esquerda) para lhe mostrar que já o viram e que se desviarão assim que possível. Dessa forma o outro deverá esperar e não deverá tentar nenhuma manobra perigosa, como tentar ultrapassar-nos entre filas. Se de qualquer forma ele insistir na ultrapassagem colando-se, ou se ouvirem buzinar com insistência não tentem resistir, mesmo que seja uma buzina normal. Pode ser um agente da autoridade.

Em suma, desconfiem mais dum motociclista que de um carro, por duas razões: por um lado porque uma moto tem reacções mais rápidas e menos previsíveis que um carro e vê pior pelos retrovisores e por outro, um acidente com outra moto é muito mais grave que com um carro: os riscos de perfurações mortais são maiores contra uma moto que contra um carro.

Continua...